segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Precipícios em mim


Precipícios em mim...

A esperança me visita
em momentos de ausência de qualquer que seja o sentimento.

Me visita e avisa que há dias mesmo de profunda letargia.

Me sacode,
me anima,
me tira da inercia de existir.

Parto para a ação concreta de ter sentido
de viver meus sentimentos
por mais ingênuos que sejam
por mais ilusórios que pareçam...

...mas a existência se compõe mesmo desse leva e trás de sentir,

desse vazio e dessa plenitude de estar no mundo e ser o que se é.

Mas o que seria da vida
sem a esperança que aquece o coração iludido ingenuamente,
sem o lançar voo nos precipícios do existir
e sem perceber cair e sem dar conta de si... voar.

 

                             ( ©Arno Rafael Minkkinen, Dead Horse Point Utah, 1997)

vintedeagostodedoismiletreze

JesuanaPrado

Um outro

 
 Um outro

(Imagem: http://artodyssey1.blogspot.com.br/)
 
 
 
Não ter um novo amor,
Deixa-me aparentemente presa ao passado do que já não é amor?
Do que já não é relacionamento?
 
E eu digo: 
eu estou livre,
eu sou livre 
e você? 
 
Mas para quê se prender ?
 
E é prender?
 
Posso continuar livre mesmo amando?
 
Posso continuar eu mesma apesar da relação com o outro. 
 
E qual a ação do outro em mim?
 
Não sei, não tenho mais o outro em mim.
 
Tenho a ausência e a ânsia de que um novo outro me habite.
 
Tenho necessidades de amar o belo e o excêntrico no outro
e de mostrar o obscuro e claro que sou 
 
e quem sabe amar, 
 
e quem sabe “morrer de amor e continuar viva”
 
e quem sabe “ser infinito enquanto dure posto que é chama”
 
e quem sabe simplesmente ser,
ou complexamente ser,
já que ser nunca é simples
 
mas vale a pena apesar dos pesares,
 
Apesar das conjunturas,
 
dos abismos que insistem em me habitar
 
assim como as completudes que teimam em preencher,
 
apesar desse duelo contínuo que eu sou.
 
 
Dezenovodeagostodedoismiletreze
 
JesuanaPrado

domingo, 11 de agosto de 2013

Arrependimento

 Arrependimento

Peco por precipitar-me em achar
que as pessoas por serem distantes e
por vezes ausentes não irão se importar,
não farão questão de estar presente. 

Meu pai sempre teve um jeito estranho,
louco, boêmio de levar a vida, foi muito ausente.
Eu não o convidei para a minha formatura,
por conta do tempo que tava me sufocando pra resolver tantas coisas,
por eu não estar tão animada para um dos melhores e mais esperados momentos da minha vida,
por eu achar que talvez ele não quisesse participar.

Chego agora em casa,
meu pai me espera no portão,
tomo a benção, me abençoa e
logo em seguida, diz: se formou né, meus parabéns!

Me senti horrível, arrependimento me define. 
Então o que posso fazer?
Pedir desculpas, perdão,
mas minha atitude foi reflexo das ausências,
é meu pai, foi ausente, ou talvez quem sabe, foi presente da maneira dele.
Mas minha atitude poderia ter sido diferente,
não preciso pagar da mesma forma,
é bíblico: Não pagarás mal com mal, e sim com o bem.
Enfim, me desculpa.

JesuanaPrado
dezdeagostodedoismiletreze

Rioceano

 
 Rioceano
 
Ouvi uma vez uma frase que nunca esqueci: 
Que meu rio passe sereno. 

Doce ilusão.
Nenhum rio cumpre seu trajeto mansamente,
seja pelas margens que o oprime,
como alertava Brecht,
seja pela sua própria vida de agito.

Hoje desejo que meu rio se torne oceano,
mesmo que pra isso eu tenha
que passar pelo medo, insegurança,
mas que eu enfrente,
porque voltar não se pode,
não se deve,
e mesmo que se volte para algo ou alguém
ambos não serão mais os mesmos,

por isso, voltar é impossível.

sejamos oceanos mesmo ainda querendo ser rio,
e aprendamos a lidar com nossas tempestades
e nossos deleites.
JesuanaPrado
onzedeagostodedoismiletreze

Sonho a beira do caminho



Sonho a beira do caminho





Não me pergunte o motivo.

Dos sonhos necessariamente,
não se precisa de porquês. 
Talvez a única coisa na vida verdadeiramente livre,
Que pode tudo,
as maiores loucuras,
desconexões.
sem lógica,
ou com lógica própria,
mas que não cabe ao nosso consciente revelar.
  
Sonhei em um ônibus com você.
E como de costume, 
eu cedia o meu lugar de sentar
para uma pessoa e ia sentar em seu colo.



Ficávamos
a mirar da janela nossa cidade.

Por ora tão bela ora tão desigual em sua beleza.


A periferia surgia como nossa.

Esta que nos juntou.
Uniu teu passo ao meu caminhar.

Esta que nos assaltou por algumas vezes em seus perigos cotidianos.

Esta que também nos separou do colo dos assentos nos coletivos da vida.
 
A periferia nunca dorme,
assim como a insônia que me acompanha,
desde o nosso adeus.


Hoje passo em frente a sua rua, 
sentada sozinha no ônibus.

Não tenho mais você comigo,
mas a sua rua ainda está lá para ser vista com meus olhos do passado.


Ainda está lá para ser admirada com saudade pelo o que fomos.
E por mais que eu me pergunte por que ainda sonhei com você
mesmo depois de supostamente tê-lo esquecido,
me convenço de que os sonhos são assim mesmo,
misteriosos,
sem significados aparentes.


E sei que não preciso de explicações,
prefiro as perguntas a as respostas certas,
corretas,
que não permitem dúvidas.


A vida não é tão constante quanto queríamos que fosse.

Nem tão instável quanto anseia o poeta.


E eu sou uma mulher
que decide o que é melhor para mim.

Mesmo sem saber ao certo o porquê,
para quê e se é mesmo o melhor.


A vida segue,
e eu necessariamente,
preciso de sonhos,
mesmo que seja para sonhá-los acordada à janela do ônibus,
sentada sozinha em seu colo imaginário.


 (Imagem:artodyssey1.blogspot.com.br)



JesuanaPrado
                                                                                                              onzedeagostodedoismiletreze

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Quando ainda se tece esperança...





Quando ainda se tece esperança...

Quem me dera o amor batesse na aorta como previa Drummond.

Algo aqui bate, mas não, não é amor.

Amor... artigo de luxo, ou de teimosia acompanhado a

ilusão de reciprocidade ...de momentos felizes.

Mas não, hoje o que me acompanha é minha velha solidão.

Está sim, anda comigo, não lado a lado, mas em mim,

bem dentro, no oco do que outrora foi alma,

no oco do meu mundo.

E o choro rega o caminho

que tenta tecer trilhas de esperança,

 porque afinal há de se ter algo de bom

 no decorrer das horas.

Nem só de tristeza se vive,

nem só de solidão se acompanha.

Quem sabe alguém me queira dar a mão,

e simplesmente seguir num ritmo único

ou por vez desritmado. 

E quem sabe o amor chegue... quem sabe.


JesuanaPrado