domingo, 11 de agosto de 2013

Sonho a beira do caminho



Sonho a beira do caminho





Não me pergunte o motivo.

Dos sonhos necessariamente,
não se precisa de porquês. 
Talvez a única coisa na vida verdadeiramente livre,
Que pode tudo,
as maiores loucuras,
desconexões.
sem lógica,
ou com lógica própria,
mas que não cabe ao nosso consciente revelar.
  
Sonhei em um ônibus com você.
E como de costume, 
eu cedia o meu lugar de sentar
para uma pessoa e ia sentar em seu colo.



Ficávamos
a mirar da janela nossa cidade.

Por ora tão bela ora tão desigual em sua beleza.


A periferia surgia como nossa.

Esta que nos juntou.
Uniu teu passo ao meu caminhar.

Esta que nos assaltou por algumas vezes em seus perigos cotidianos.

Esta que também nos separou do colo dos assentos nos coletivos da vida.
 
A periferia nunca dorme,
assim como a insônia que me acompanha,
desde o nosso adeus.


Hoje passo em frente a sua rua, 
sentada sozinha no ônibus.

Não tenho mais você comigo,
mas a sua rua ainda está lá para ser vista com meus olhos do passado.


Ainda está lá para ser admirada com saudade pelo o que fomos.
E por mais que eu me pergunte por que ainda sonhei com você
mesmo depois de supostamente tê-lo esquecido,
me convenço de que os sonhos são assim mesmo,
misteriosos,
sem significados aparentes.


E sei que não preciso de explicações,
prefiro as perguntas a as respostas certas,
corretas,
que não permitem dúvidas.


A vida não é tão constante quanto queríamos que fosse.

Nem tão instável quanto anseia o poeta.


E eu sou uma mulher
que decide o que é melhor para mim.

Mesmo sem saber ao certo o porquê,
para quê e se é mesmo o melhor.


A vida segue,
e eu necessariamente,
preciso de sonhos,
mesmo que seja para sonhá-los acordada à janela do ônibus,
sentada sozinha em seu colo imaginário.


 (Imagem:artodyssey1.blogspot.com.br)



JesuanaPrado
                                                                                                              onzedeagostodedoismiletreze

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